terça-feira, 27 de janeiro de 2009

A teoria da Cabala

Cavaco Silva, enquanto Primeiro Ministro (PM), na primeira metade da década de 90, falava de forças de bloqueio, que não o deixavam governar: «deixem-nos trabalhar», dizia ele frequentemente. O vértice das forças de bloqueia era o próprio Presidente Soares. E, de facto, este muito fez para prejudicar politicamente o governo de Cavaco.
Agora, o actual PM, Pinto de Sousa, não sente o bloqueio do Presidente, o mesmo Cavaco, mas fala de cabala. Chega mesmo a sugerir que o caso Freeport foi «ressuscitado» para o prejudicar, em ano de eleições. Não seriam só os partidos da oposição a construir a cabala. Também a justiça, a PJ, o MP estariam aliados. Foi necessário que o representante do sindicado dos juízes se insurgisse, pedindo explicações, para que o PM se encolhesse.
Dá a impressão de que o PS gosta muito deste conceito. Segundo eles, já com Ferro Rodrigues terá havido uma cabala contra o PS no caso Casa Pia (Pedroso, número dois do PS de então e o próprio Ferro Rodrigues, Secretário Geral).
Se calhar, o patriarca Soares, que se mantém, como sempre, muito flexível para os meandros da política, ainda vai também ser acusado de participar na cabala. Então não é que o senhor ex-Presidente, sempre solícito no apoio, vem agora sugerir que o Secretário-Geral do seu partido, ao propor como grande medida do seu programa o casamento dos homossexuais, está a querer armar-se em radical de esquerda?
Honra seja feita ao Ministro da Presidência, Silva Pereira, o qual, encantinhado por Mário Crespo na entrevista de hoje (26 de Janeiro) à Sic, prefere falar de «campanha negra». Afinal, sempre é mais criativo.
O curioso de tudo isto é que o importante, no caso Freeport, o que acentuam quer o governo quer os media, não é a procura da verdade, mas o momento das averiguações. Parece que a substância não interessa, importante é o timing .

Na verdade, o horizonte está negro. Muito negro. Foi enegrecido por quem se queixa de «campanha negra».

Marcos Tavares

1 comentário:

Anónimo disse...

Num Primeiro que tirou a licenciatura por fax só podemos confiar. É um homem cheio de iniciativa e à frente do seu tempo!
Porreiro pá!