sábado, 24 de janeiro de 2009

A QUEM VAI SERVIR O TGV?

Este é o pensamento político que temos em Portugal, está em todas: Estádios de futebol, hoje às moscas, TGV, novo aeroporto, nova ponte, auto-estradas onde bastavam estradas com bom piso, etc.
A quem na verdade serve tudo isto?
Aos fabricantes de material ferroviário, às construtoras, aos bancos. Não aos contribuintes e seus filhos, que ficarão gerações a pagar isto, adiando o desenvolvimento do país.
Experimente ir de Copenhaga a Estocolmo de comboio. Comprado o bilhete, dá consigo num comboio que só se diferencia dos nossos 'Alfa' por não ser tão luxuoso e ter menos serviços de apoio aos passageiros.
A viagem, através de florestas geladas e planícies brancas a perder de vista, demorou cerca de cinco horas.
Não fora conhecer a realidade económica e social desses países, daria comigo a pensar que os nórdicos, emblemáticos pelos superavites orçamentais, seriam mesmo uns tontos.
Se não os conhecesse bem perguntaria onde gastam eles os abundantes recursos resultantes da substantiva criação de riqueza?
A resposta está:
. na excelência das suas escolas,
· na qualidade do seu Ensino Superior,
· nos seus museus e escolas de arte,
· nas creches e jardins-de-infância em cada esquina,
· nas políticas pró-activas de apoio à terceira idade.

Percebe-se bem porque não:
· construíram estádios de futebol desnecessários,
· constroem aeroportos em cima de pântanos,
· nem optam por ter comboios supersónicos que só agradam a meia dúzia de multinacionais.

O TGV é um transporte adequado a países de dimensão continental, extensos, onde o comboio rápido é, numa perspectiva de tempo de viagem/custo por passageiro, competitivo com o transporte aéreo. É por isso que, para além da já referida pressão de certos grupos que fornecem essas tecnologias, só existe TGV em França ou Espanha (com pequenas extensões a países vizinhos).
É por razões de sensatez que não o encontramos :
· na Noruega,
· na Suécia,
· na Holanda
· e em muitos outros países ricos.

Tirar 20 ou 30 minutos ao 'Alfa' Lisboa-Porto à custa de um investimento de cerca de 7,5 mil milhões de euros não trará qualquer benefício à economia do País. E, dado ser um projecto praticamente não financiado pela União Europeia, ser um presente envenenado para várias gerações de portugueses que, com mais ou menos engenharia financeira, o vão ter de pagar.

Com 7,5 mil milhões de euros podem construir-se:
- 1000 (mil) Escolas Básicas e Secundárias de primeiríssimo mundo que substituam as mais de cinco mil obsoletas e subdimensionadas existentes (a 2,5 milhões de euros cada uma);
- mais 1.000 (mil) creches (a 1 milhão de euros cada uma);
- mais 1.000 (mil) centros de dia para os nossos idosos (a 1milhão de euros cada um).

E ainda sobrariam cerca de 3,5 mil milhões de euros para aplicar em muitas outras carências como, por exemplo, na urgente reabilitação de toda a degradada rede viária secundária.
Cabe ao Governo reflectir.
Cabe à Oposição contrapor.
Cabe-lhe a si participar
Por António Gavinho

1 comentário:

Maquiavel disse...

Escreves (e bem)
"É por razões de sensatez que não o encontramos [ao TGV] :
· na Noruega,
· na Suécia,
· na Holanda
· e em muitos outros países ricos."

Poderei até dizer: é por näo se meterem em elefantes brancos que säo ricos!
(Bem, na Noruega seria impossível construir TGV, q aquilo é só montanhas... cá está, sensatez!)
Só metem €€€ em coisas que beneficiem o povo na sua totalidade, por isso säo "investimentos". No Tugal, fazem-se "despesas"...