sábado, 14 de março de 2009

Eu não fiz nada papá

Sbrinthall, Norman; Sbrinthall, Richard (1193) - “ Psicologia Educacional ”, Ed McGraw-Hill de Portugal; Lisboa, Portugal

Análise e critica

Alguns poderão pensar que a indisciplina é um problema dos tempos modernos,no entanto já na antiga Suméria a questão se colocava. Ao longo do tempo várias foram as propostas de solução, que foram também evoluindo, embora sempre demasiado básicas para um problema complexo e com tantas nuances.
Durante séculos cultivou-se a ideia de que um aluno quase passivo, numa atmosfera silenciosa, aprendia melhor. O docente torna-se assim num escravo da manutenção do silêncio em detrimento da actividade de ensinar. O que respeita ao aluno, centra-se na incongruência de se lhe pedir, carácter e responsabilidade, através da dependência e controle.
A resolução do problema da indisciplina passou durante muitos séculos, por soluções limitadas que foram aplicadas igualmente em todas as idades. No entanto, se os materiais e estratégias de ensino foram sendo adequados aos vários níveis de desenvolvimento dos alunos, porque não aplicar o mesmo principio na disciplina. Devem então as estratégias disciplinares estar sempre concertadas com os objectivos educacionais e de desenvolvimento.
No estudo em análise, os autores dão-nos uma “abordagem desenvolvimentista da disciplina, largamente baseada na teoria de Lawrence Kohlberg“. São propostos cinco abordagens disciplinadoras que devem ser aplicadas tendo em atenção o estádio de desenvolvimento moral dos alunos. No estádio I, dos 3 anos ao 3º ano de escolaridade, a disciplina é personificada no professor, pelo seu elemento físico, verifica-se a ditação e imposição de regras. A força física, na dose mínima necessária, só pode ser recomendada em situações de descontrole momentâneas que possam ter consequências trágicas, devendo-se logo de seguida encaminhar o aluno para o autocontrolo. No estádio II, do 4º ao 8º ano de escolaridade, pode-se reforçar-se a disciplina com técnicas Skinerianas, utilizando reforços positivos, tais como recompensas de carácter psicológico, lúdico e material. “ Segundo Skiner, as medidas e objectivos aversivos ensinam a criança a procurar uma fuga psicológica, a aprender a não aprender.”, obviamente que um aluno com esta predisposição terá um potencial muito grande para entrar no campo da indisciplina. No estádio III, apartir do 9º ano podendo estender-se até o 12º ano, passa a existir uma partilha da disciplina entre o professor e os alunos. Há uma consciencialização do grupo para pressionar o indivíduo a submeter-se às regras colectivas, que cumpridas serão o bem de todos. Promove a cooperação e auto-crítica mas poderá criar situações de segregação individual. No estádio IV, ensino secundário, há uma observância escrupulosa sobre os direitos dos alunos. Há possibilidade de discutir com o aluno metas a atingir valorizando assim a progressão individual; é no entanto preciso ter em atenção o excesso de individualismo. No estádio V as leis disciplinadoras poderão ser construídas num plenário escolar, democraticamente participado por professores e alunos. Os alunos têm também um importamte papel na observância do cumprimento das leis, reforçando na sua conduta o sentido de responsabilidade, justiça e cidadania. Certamente que só apartir do final do Ensino Secundário um processo deste tipo poderá ter algum sucesso, pelo esforço cognitivo que exige. Por fim é importante referir, que no caso de uma situação de crise, o estado habitual de raciocínio pode-se alterar e consequentemente o professor, terá de momentaneamente empregar outras técnicas para maior controlo.
Os autores referenciando Damon,W.(1988), enunciam três atitudes parentais disciplinadoras, que ilustram aspéctos importantes para os professores no seu desempenho. Temos então um estilo parental autoritário que confronta a criança de forma violenta e arbitrária. Um estilo permissivo em que não se estabelecem limites e se protege a criança das consequências, só que, quando a criança afecta o adulto este reage violentamente. Um estilo autoritativo que combina a simpatia e o controle com comunicação clara, explicando à criança as consequências da sua acção. Os dois primeiros estilos têm atitudes violentas e arbitrárias que provacam incertezas e ansiedades nas crianças, consequentemente maior dificuldade em desenvolver o autocontrole. Quaisquer que seja o estádio de desenvolvimento, se o modelo disciplinador fôr baseado num estilo permissivo ou autoritário estará condenado ao fracasso. O autoritativo é o mais eficiente, o que mais convenientemente faz passar a mensagem em qualquer estádio de desenvolvimento.
Embora existam outros pensamentos acerca deste assunto, creio que a perspectiva desenvolvimentista contém em larga medida ideias incontornáveis e de grande contributo. A disciplina tal como o currículo, deve ser encarada numa perspectiva qualitativa, em que as técnicas disciplinares são adequadas ao estádio de raciocínio dos alunos. Não podemos utilizar métodos complexos para níveis cognitivos pouco desenvolvidos. É também fundamental a nossa forma de estar e comunicar com os alunos, e, como atrás referenciado, o estilo autoritativo será o mais aconselhável, promovendo o desenvolvimento no sentido da responsabilidade, autocontrole, formação do carácter, respeito e amizade pelos outros.
Recensão feita pelo Zé no âmbito de um trabalho: não da OCDE
Há um senso comum de que a maioria dos pais varia entre o autoritário e o permissivo. Creio até que a corrente permissiva tem conquistado muitos adeptos, gerando nos adolescentes a indisciplina social que obviamente entra pelas escolas dentro. As faltas de educação e respeito para com os professores e funcionários são quotidianas, e atravessam os indivíduos de várias classes sociais. Nota-se também a falta de adequação do comportamento ao contexto.
Os pais do estado novo mantiveram a disciplina autoritariamente (alguns chamam-lhe pelo medo), havia regras, concerteza nem tudo estaria bem, mas funcionava. Boa parte dos pais nascidos na década de 60 e 70, os tais permissivos, estragaram os filhos, projectam neles aquilo que não fizeram, que não conseguiram ou não tiveram. Um estilo de vida urbano e sedentário, com pouco tempo disponibilizado à família, entrega os filhos à sorte, às consolas, à net, à TV, alienando a educação e o humanismo.

Sem comentários: