sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Paredes de Coura GATE

A reacção de Paredes de Coura:
Numa decisão do Conselho Pedagógico do Agrupamento de Escolas Território Educativo de Coura foi aprovada a suspensão de algumas actividades. Num total de 164 actividades que integram o Plano Anual de Actividades, foram suspensas cerca de 10. As actividades suspensas foram apenas aquelas que não interferissem com questões pedagógicas e curriculares nem com a formação geral dos alunos, pois são estes o cerne do sistema educativo e jamais poderiam ser prejudicadas. Convém salientar ainda que o Plano Anual de Actividades é, como o próprio nome indica, um plano. É uma previsão, não é um documento jurídico,pelo que, pode ou não cumprir-se pelas mais variadas razões. Mais, é aprovado pelo Conselho Pedagógico e ratificado pelo Conselho Geral, pelo que, sendo um dos documentos emblemáticos da tão falada autonomia das escolas, só a estes órgãos compete a sua alteração. Ao longo destes últimos dias temos tido o (des)prazer de ler na comunicação social aquilo que a Associação de pais deste Agrupamento de Escolas tem vindo, numa atitude de pura má fé, a veicular: foram suspensas todas as actividades. A verdade é que foram suspensas cerca de 6% das actividades, num Conselho Pedagógico onde os Pais estão representados. Ou mentiram propositadamente ou então são pessoas com um coeficiente de inteligência tão diminuto, que não entenderam nada daquilo que o Conselho Pedagógico decidiu.
Aquilo que me espanta (a mim e a todos os professores deste agrupamento) é a importância dada ao desfile de carnaval! De facto é estranho que os Pais se preocupem com a participação no desfile de carnaval nas ruas da vila. Não é a comemoração do carnaval na escola (pois esta nunca esteve em causa), é a comemoração do carnaval na rua!
Os momentos que se seguiram são dignos de servirem para o guião de um filme ilustrativo do antigo regime: Terça-feira à noite: A presidente do Conselho Executivo é informada por telefone que está proibida de prestar declarações à comunicação social.
Quarta-feira de manhã: a escola recebe um email da Directora Regional de Educação do Norte, num português de difícil compreensão, determinando a realização do desfile. (segue em anexo).
Quarta-feira à tarde: Chegam à escola 2 elementos do Centro de Área Educativa de Viana do Castelo e 3 elementos da Direcção Regional de Educação do Norte. Durante mais de 4 horas pressionaram o Conselho Executivo a convocar os Professores para participar no desfile de carnaval. O Conselho Executivo não cede, pois a decisão foi tomada pelo Conselho Pedagógico. Esta equipa de intimidação faz a proposta de ser pedido aos professores para participar no desfile. O pedido é feito mais tarde aos Professores que não aceitam. Só participarão no desfile se forem intimados a tal pela DREN. Quinta-feira à tarde: Volta à escola mais uma equipa de pressão, agora constituída por 6 elementos do Centro de Área Educativa de Viana do Castelo. Durante várias horas pressionam o Conselho Executivo.
Informam que não saem sem uma resposta e não dão respostas quanto às consequências da não
convocação dos Professores.
Não é difícil perceber o que se passaria se o Conselho Executivo não convocasse os Professores para participar no desfile. Aquilo que a DREN não teve coragem foi fazer ela mesma a convocatória. O que vai acontecer é que os Professores deste Agrupamento vão participar no desfile pois estão solidários com o Conselho Executivo, no qual têm um imenso orgulho. E não vão só os professores que foram “obrigatoriamente” convocados. Os outros vão também. Vamos todos. Afinal, o importante para a qualidade da educação no nosso país são os desfiles de carnaval.
E não me venham dizer que há aqui interesses políticos! Por favor! Portugal é uma democracia! Ou não?

Professor de Paredes de Coura

4 comentários:

Anónimo disse...

Desculpem a pergunta, mas afinal sempre houve ou não desfile de carnaval na rua, com a presença dos professores? Se sim, significa que o pessoal está todo amedrontado, aterrorizado! São uns tristes! Se nos lembrarmos dos que gritaram NÃO, durante a ditadura, só temos de olhar com desprezo os que revelam medo em democracia!
Carlos Nunes
Torres Novas

Anónimo disse...

tem aqui a resposta:
http://soucontraacorrente.blogspot.com/2009/02/um-paquiderme-numa-loja-de-cristais.html

Anónimo disse...

Caro Professor, Autonomia não é os professores decidirem o que querem sem a restante Comunidade Educativa e essa está representada no Conselho Geral e é este Conselho Geral que aprova o Plano de Actividades e não o Conselho Pedagógico.
Subverter isso é um exercicio de ilegalidade e só demontra estupudez, má fé, má formação ou simplesmete ignoráncia.
Escolha...

disse...

Terá a sua razão, no entanto, o conselho pedagógico tem de zelar pela qualidade educativa, que está manifestamente em perigo com a arbitariedade de pseudo-leis e novas competencias que os professores têm que encaixar todos os dias no seu horário. Isto foi o que motivou a escolha em Coura, entre a festa e o cumprimento dos deveres escolares. Não me digam que os professores estão obrigados a desfiles e palhaçadas porque não estão. Não tinham de ir, embora abrissem uma guerra que a tutela perderia. A directora da DREN engoliu os isco e fomos todos humilhados. O governo sofreu má fama. Sócrates deve ter inchado de raiva de tal estupidez. Por vezes as coisas não são tão simples.