Vasco Graça Moura escreveu esta crónica no DN, onde põe a nú a chico-espertice do nosso 1º, nada de novo, mas que merece leitura, mais não seja pela boa prosa de tom azimo a condizer com a quadra.
"Em fins de Outubro do ano passado, escrevi nesta coluna que ficava mal a Sócrates dizer "que o PSD pretendia tornar obrigatório o investimento em bolsa de um terço dos descontos para a Segurança Social. O que Marques Mendes propôs foi uma reforma em que essa possibilidade seria deixada à opção do beneficiário".
Dois anos antes, em Julho de 2006, eu tinha tido ocasião de observar, também nesta coluna, que Marques Mendes apontava para "um modelo misto que, como afirmou, está já a ser adoptado noutros países (Holanda, Suíça, Dinamarca, Polónia, Reino Unido) e prevê duas componentes para a pensão de reforma: uma delas, fixa, suportada através do sistema tradicional de repartição dos descontos arrecadados pela segurança social, e a outra, variável consoante os descontos dos pensionistas e a rentabilidade das suas contas individuais de capitalização, paga através dos fundos de pensões que delas façam a gestão (fundos esses geridos pelo Estado, por uma instituição pública, ou mesmo por fundos privados especialmente seleccionados e fiscalizados)".
Quem estiver interessado em mais pormenores pode consultar o livro que Marques Mendes publicou no ano passado, Mudar de vida, a pp. 239 e segs. Mas uma coisa é certa: nada disto corresponde à privatização da segurança social…
Todavia, agora, Sócrates verberou nas Jornadas Parlamentares do PS "a proposta do PSD de privatizar parcialmente a segurança social, colocando-se de forma obrigatória as contribuições dos portugueses na Bolsa de Valores de Lisboa".
Isto significa que Sócrates não leu, nem a proposta que Marques Mendes apresentou há três anos, nem o que sobre isso ele escreveu no ano passado. Ou que, se leu, não a percebeu de todo, num acesso singular de analfabetismo político.
Significa também - e aqui já entra a costumada má-fé - que a distorceu intencional e grosseiramente, uma vez que nunca, jamais, em tempo algum, houve no PSD quem falasse em privatizar a segurança social ou em afrouxar o papel do Estado na matéria, e muito menos em colocar "de forma obrigatória, as contribuições dos portugueses na Bolsa de Valores de Lisboa".
Isto é da lavra específica e especiosa do próprio Sócrates. A mesma personagem que vê relatórios da OCDE sobre educação onde eles não existem vê agora propostas do PSD onde elas nunca foram feitas!
Isto significa ainda que Sócrates não considera que a situação financeira e económica, dentro e fora do país, se tenha alterado radicalmente nos últimos doze meses, implicando a revisão e mesmo a suspensão de muita coisa. É típico. Sócrates começa sempre por negar a realidade. A sua obstinação delirante quanto ao TGV mostra de resto que, com ele, é mesmo assim... E pelos vistos não vai invocar a crise como desculpa de mau pagador quanto a todas as promessas que não cumpriu…
Ora, como eu também escrevia em Outubro passado, já então Sócrates escamoteava, na sua infeliz entrevista ao DN e à TSF, o teor e o sentido da proposta de Marques Mendes (que, aliás, não era líder do PSD havia mais de um ano…), embora passasse logo, porque já lhe convinha, "a referir os 21% investidos em acções do fundo de estabilização financeira da Segurança Social, 'que ganhou muito dinheiro no passado' e permitiu alargar a sustentabilidade do sistema, omitindo que a iniciativa da criação desse fundo foi do PSD e não enunciando nenhuma medida (por exemplo, concentração na aplicação em títulos de dívida pública, como acontece em Espanha) para contrariar a actual volatilidade de aplicações que continuam a ser feitas nos mercados accionistas e a perder dinheiro neles com a sua concordância…"
Afinal quem é que anda a brincar com os dinheiros da Segurança Social?
Enfim, Manuela Ferreira Leite negou veementemente qualquer intenção do PSD de privatizar a Segurança Social. Mas isto não basta a Sócrates. Quer o programa do PSD, já! Mesmo antes de o PS ter ultimado o seu… Porquê? É muito simples: sempre teria algumas propostas e soluções a copiar descarada e toscamente, na linha do que já tentou fazer em várias situações ao longo destes quatro anos. "
Dois anos antes, em Julho de 2006, eu tinha tido ocasião de observar, também nesta coluna, que Marques Mendes apontava para "um modelo misto que, como afirmou, está já a ser adoptado noutros países (Holanda, Suíça, Dinamarca, Polónia, Reino Unido) e prevê duas componentes para a pensão de reforma: uma delas, fixa, suportada através do sistema tradicional de repartição dos descontos arrecadados pela segurança social, e a outra, variável consoante os descontos dos pensionistas e a rentabilidade das suas contas individuais de capitalização, paga através dos fundos de pensões que delas façam a gestão (fundos esses geridos pelo Estado, por uma instituição pública, ou mesmo por fundos privados especialmente seleccionados e fiscalizados)".
Quem estiver interessado em mais pormenores pode consultar o livro que Marques Mendes publicou no ano passado, Mudar de vida, a pp. 239 e segs. Mas uma coisa é certa: nada disto corresponde à privatização da segurança social…
Todavia, agora, Sócrates verberou nas Jornadas Parlamentares do PS "a proposta do PSD de privatizar parcialmente a segurança social, colocando-se de forma obrigatória as contribuições dos portugueses na Bolsa de Valores de Lisboa".
Isto significa que Sócrates não leu, nem a proposta que Marques Mendes apresentou há três anos, nem o que sobre isso ele escreveu no ano passado. Ou que, se leu, não a percebeu de todo, num acesso singular de analfabetismo político.
Significa também - e aqui já entra a costumada má-fé - que a distorceu intencional e grosseiramente, uma vez que nunca, jamais, em tempo algum, houve no PSD quem falasse em privatizar a segurança social ou em afrouxar o papel do Estado na matéria, e muito menos em colocar "de forma obrigatória, as contribuições dos portugueses na Bolsa de Valores de Lisboa".
Isto é da lavra específica e especiosa do próprio Sócrates. A mesma personagem que vê relatórios da OCDE sobre educação onde eles não existem vê agora propostas do PSD onde elas nunca foram feitas!
Isto significa ainda que Sócrates não considera que a situação financeira e económica, dentro e fora do país, se tenha alterado radicalmente nos últimos doze meses, implicando a revisão e mesmo a suspensão de muita coisa. É típico. Sócrates começa sempre por negar a realidade. A sua obstinação delirante quanto ao TGV mostra de resto que, com ele, é mesmo assim... E pelos vistos não vai invocar a crise como desculpa de mau pagador quanto a todas as promessas que não cumpriu…
Ora, como eu também escrevia em Outubro passado, já então Sócrates escamoteava, na sua infeliz entrevista ao DN e à TSF, o teor e o sentido da proposta de Marques Mendes (que, aliás, não era líder do PSD havia mais de um ano…), embora passasse logo, porque já lhe convinha, "a referir os 21% investidos em acções do fundo de estabilização financeira da Segurança Social, 'que ganhou muito dinheiro no passado' e permitiu alargar a sustentabilidade do sistema, omitindo que a iniciativa da criação desse fundo foi do PSD e não enunciando nenhuma medida (por exemplo, concentração na aplicação em títulos de dívida pública, como acontece em Espanha) para contrariar a actual volatilidade de aplicações que continuam a ser feitas nos mercados accionistas e a perder dinheiro neles com a sua concordância…"
Afinal quem é que anda a brincar com os dinheiros da Segurança Social?
Enfim, Manuela Ferreira Leite negou veementemente qualquer intenção do PSD de privatizar a Segurança Social. Mas isto não basta a Sócrates. Quer o programa do PSD, já! Mesmo antes de o PS ter ultimado o seu… Porquê? É muito simples: sempre teria algumas propostas e soluções a copiar descarada e toscamente, na linha do que já tentou fazer em várias situações ao longo destes quatro anos. "
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