terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Terra de poetas

Com a devida vénia, aqui vão dois poemas decalcados em Camões e Fernando Pessoa



Prevêem-se tempos de muita criatividade, pois esta aumenta na
proporção directa do nosso descontentamento! Pena que certas estirpes
humanas não se sintam atingidas e não se reconheçam ao lerem esta poesia.
E não é que os versos são quase todos decassílabos !? Muito bom...
I
As sarnas de barões todos inchados
Eleitos pela plebe lusitana
Que agora se encontram instalados
Fazendo aquilo que lhes dá na gana
Nos seus poleiros bem engalanados,
Mais do que permite a lisura humana,
Olvidam tudo quanto proclamaram
Em campanhas com que nos enganaram!
II
E também as jogadas habilidosas
Daqueles tais que foram dilatando
Contas bancárias ignominiosas,
Do Minho ao Algarve tudo devastando,
Guardam p'ra si as coisas valiosas.
Desprezam quem de fome vai chorando!
Gritando levarei, se tiver arte,
Esta falta de vergonha a toda a parte!
III
Falem da crise grega todo o ano!
E das aflições que à Europa deram;
Calem-se aqueles que por engano.
Votaram no refugo que elegeram!
Que a mim mete-me nojo o peito ufano
De crápulas que só enriqueceram
Co' a prática de trafulhice tanta
Que andarem à solta só me espanta.
IV
E vós, ninfas do Coura onde eu nado
Por quem sempre senti carinho ardente
Não me deixeis agora abandonado
E concedei engenho à minha mente,
De modo que eu possa, ao vosso lado,
Desmascarar de forma eloquente
Aqueles que possuem no seu gene
A besta horrível do poder perene!

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E + outro: Um poema da "mente", só/mente!
POEMA da 'MENTE'...

Há um Ministro que mente...
Mente de corpo e alma, completa/mente.
E mente de modo tão pungente
Que a gente acha que ele mente, sincera/mente.
Mas mente, sobretudo, impune/mente...
Indecente/mente.
E mente tão habitual/mente, tão hábil/mente,
Que acha que, história afora, enquanto mente,
Nos vai enganar eterna/mente.

Nota: Não sei quem é o autor... com tal mente

1 comentário:

Anónimo disse...

excelente